Por Eduarda Borba.
A participação feminina na política brasileira ainda enfrenta grandes obstáculos, como revela um levantamento exclusivo realizado pela GloboNews para as eleições municipais de 2024. Apesar do Tribunal Superior Eleitoral ter atualizado as normas para evitar fraudes na cota de gênero, apenas 32 mulheres se lançaram como pré-candidatas à prefeitura nas capitais do Brasil.
Essa realidade ressalta uma questão fundamental: as mulheres constituem a maioria da população brasileira e, portanto, é inegável que jamais alcançaremos uma sociedade verdadeiramente igualitária enquanto nossos representantes políticos não refletirem essa proporção.
A ausência de representatividade feminina no poder público pode ser atribuída a diversas causas complexas. Entre elas estão estruturas partidárias tradicionalmente dominadas por homens, que muitas vezes perpetuam um ambiente pouco acolhedor para candidatas mulheres. Além disso, as dificuldades financeiras para financiar campanhas políticas são significativas, e as mulheres tendem a ter menos acesso aos recursos necessários para competir em igualdade de condições. Obstáculos culturais também desempenham um papel crucial, com estereótipos de gênero persistentes que limitam o apoio e a visibilidade de mulheres na política.
Dos principais partidos, a Federação PSOL-Rede, a Federação PT-PCdoB-PV, União Brasil e Novo se destacam pelo maior número de pré-candidatas. Entretanto, a concentração dessas candidaturas se limita a apenas seis capitais, com Aracaju liderando o caminho ao apresentar cinco mulheres na disputa. Alarmantemente, em 11 das 26 capitais elegíveis, não foi identificada nenhuma pré-candidatura feminina até o momento.
As regras da Justiça Eleitoral exigem que os partidos reservem no mínimo 30% das candidaturas para mulheres e destinem o mesmo percentual do fundo eleitoral para financiar suas campanhas. Além disso, as novas regulamentações do TSE impõem critérios rigorosos para evitar práticas fraudulentas, como votações zeradas ou idênticas, e exigem transparência na divulgação das campanhas.
Apesar dessas medidas, apenas duas mulheres foram eleitas para comandar capitais nos últimos dois pleitos, evidenciando uma representação desproporcional: enquanto as mulheres compõem a maioria da população brasileira, governam apenas 12% dos municípios. Para as mulheres negras, essa situação é ainda mais desafiadora, com apenas 4% das prefeituras sob seu comando.
Esses dados refletem não apenas a sub-representação das mulheres na política, mas também a urgência de mudanças estruturais para garantir uma participação equitativa e efetiva das mulheres nos processos decisórios do país.
FONTE: g1.com